Voltei.
Como sempre, volto para te amar.
No fundo, todos sabem que nunca deixei e nunca vou deixar, digo... talvez um dia... talvez um dia, quando eu me cansar das idas e vindas, do nosso quase sempre incompleto amor. Dessa lacuna que abres e insistes não preencher.
Já fui bem longe. No entanto, sempre estive aí, ali, o tempo todo, a observar-te. Nunca consegui ir mais além. Aguentei o teu amor não muito reconfortante. Aguentei o frio sem os teus abraços, os teus sorrisos sem eu ser um dos seus motivos. Nunca fui, porque no fundo eu sabia que se fosse, um dia, iria ser pior. Porque... quem quero eu enganar, afinal? Nós conhecemo-nos... Tu sabes de mim, e eu sei de ti, por mais que tentes esconder.
Como sempre, voltas para me amar.
Na verdade nunca queres ir. Mas insistes em ter outras bocas na tua senão a minha. Insistes em provar que é bem maior que esse amor que aflige o teu coração, os nossos corações. Que é melhor sem mim. E no fundo, consegues ser melhor sem mim... é verdade. Mas do que vale na vida ser tão bom, quando se é vazio?
Eu afirmo tudo isto porque também sou melhor sem ti, talvez até mais feliz, menos preocupada... mas muito mais vazia e perdida.
Como sempre, voltas para me amar.
E voltas porque sabes que eu digo apenas a verdade... sabes que eu digo só o que não queres admitir.
Como sempre, volto para te amar.
Queremos tentar e tentar e mesmo que tudo de novo caia por terra. Peço-te novamente para ires embora (tu, que nunca te despedes)... e tu voltas.
Voltas pequeno, com medo... mas depois cresces e se transformas-te naquele que me acarinha com uma mão e me apedreja com a outra e, por fim, lá vais longe novamente.
Voltas, porque nos tornámos viciados nesse ciclo de idas e vindas, porque somos viciados um no outro.
Estamos sempre indo e vindo, porque tememos um fim. Tememos o medo de um dia acordar e saber que nenhum de nós está ali, e que nunca mais irá voltar. Tememos que o tempo se perca em nós, e de nos perdermos nele. Tememos que as nossas lembranças ganhem mais sentido do que nós próprios. Damos sempre passos atrás na longa caminhada.
Isto tudo porque a pesar de termos embarcado em novos corpos, sempre procurámos a mesma alma. Damos largos passos de retorno porque é... Amor - não um incompleto quase, mas um inteiro.
Voltamos. Voltamos, porque sem um ao outro, não sabemos ir para nenhum lugar. E tu... bem... Tu és quem faz tudo ficar familiarizado. Tu, que fazes tudo voltar ao normal. Sempre voltamos.
Tudo isto porque... no fundo sabemos, que sem estarmos juntos, não sabemos ir a lugar algum.