
Lá fora, uma mulher tentava correr com saltos frágeis que a impediam. De biquinhos dos pés ia ela, imperando e compassando o seu esforço. Aguaceiros dominavam a manhã, ora ameaçando grossa precipitação, ora parando. Iludindo.
Sentei-me. E olhaste para mim com cara de quem nada entendia, fazendo-me sentir a pessoa mais incompreendida, mais estranhamente perdida em ideias sem nexo.
"Como? Diz-me como não entendes? Mentes ocas, dogmáticas, instáveis, mutáveis, limitadas, desprovidas de imaginação. Intolerância, teorias desfasadas da realidade, terminologia barata, sistemas desconectados, estas são as pessoas que me assustam! São estas que mais temo na vida. Sei que todos nós cometemos erros de julgamento que podem eventualmente ser corrigidos, desde que tenhamos em nós capacitado o reconhecimento, as coisas poderão compor-se. Agora, espíritos tacanhos e intolerantes, sem imaginação, são como parasitas que transformam o hospedeiro, mudam de forma, sobrevivem e ainda vingam. São uma causa perdida, e eu não quero vê-los aqui por perto!"
Talvez tenham sido demasiadas as palavras, talvez tenha alongado a linha de raciocínio, talvez tenhas perdido o fio à meada quando ainda nem a meio ia. Sei que continuaste exactamente com o mesmo olhar, oco, desprovido, desinteressado e neutro. Como se algo morto te tivesse dominado, tudo numa questão de segundos. Ainda uma luz me espreitou ao fundo do túnel quando me lembrei que provavelmente fosse um "black-out" introdutório da metamorfose, pensei que de seguida irias ser alvo de um despertar repentino. Mas o "black-out" persistiu demasiado, um fusível queimou algures na tua cabeça. Baixei os braços.
Não desisti. Apenas tentarei depois.
Pois...
ResponderEliminardeixe dar tempo ao tempo...
e depois tente acender de novo a luz!
Bjs
Talvez dar tempo na metamorfose
ResponderEliminarum pensamento que ainda se cose...
no silêncio, a vida também se move
quem sabe, tudo de repente se resolve!?
Beijitos com carinho
em cima em anónimo fui eu...
ResponderEliminarnão sei como aconteceu :(
peço desculpa pelo incidente!
O principal é não desitir, tentar depois... deixar a poeira assentar e tentar depois!
ResponderEliminarOuço o eco do teu texto!