sábado, 19 de janeiro de 2013

redundância


Porque...
como não conseguimos coexistir no mesmo espaço,
vamos coexistindo no tempo, 
deixando que ele nos vá sendo
enquanto não temos coragem de voltar ao espaço que deixámos entre nós.

Eu não te procuro,
nem mais o que sou
quando te deixo.
Eu não me procuro
nem mais o que és
quando me deixas.

Simplesmente... coexistimos melhor assim:
Sem coexistir!
Aproximamo-nos estando longe,
afastando-nos quando estamos perto,
neste medo do que podemos ser a poucos metros de distância.
Mais vale não ser.
Mais valia que nunca nada tivesse sido.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

dor em letra minúscula.

já passou o Outono, já tornou o frio.

Outono esse, de seu riso magoado
que me oferece um obliquo Sol gelado
o Sol, e as fortes marés que me assombram de frente,
fugindo sob o meu olhar cansado.

para onde vais, meu vão cuidado?
onde vais, coração vazio?

que fiquem, cabelos dele
fiquem comigo, como ele não o fez.

as Águas frias retornam agora a minha dor
sustem-me na respiração
e depois, tudo me levam...

o meu reflexo no areal molhado já não sou eu
mas sim alguém que entretanto, docemente, me quis conhecer
e me ficou sendo,
enquanto desenlaçavas a tua mão da minha.

que vão, cabelos dele
que levem o seu olhar cismado
nas ondas retardadas e longamente onduladas,
leva as suas translúcidas mãos frias,
que o gelo nunca serviu de lareira
para aquecer Corações.