segunda-feira, 14 de junho de 2010

gota.

O rio corre colina abaixo, silencioso, altivo, objectivo. A minha mente divaga para o destino das gotas de água que vejo diante mim, em correrias, ora a voar, olha a rastejar por paredes, ora a serem engolidas pelo chão. Tudo de infinito para infinito. E eu divago.
Penso em nós na condição de rio por colina abaixo. Penso em nós como a adesão das moléculas de água que correm, escorrem e que se transparecem no mundo. Penso em nós como a adesão que alimenta as copas das árvores mais altas. Penso em nós na tensão que faz chorar videiras. Penso em nós... Sim, penso em nós.
Ora a voar, ora a trepar paredes, ora em correrias, ora a sermos engolidos pelo chão, direitinhos à mais funda porção de terra sedenta. Ora a transparecer no mundo, ora a transparecer o mundo.

Mas o pensamento é ilimitado. De infinito para infinito. Tal como a gota de água, e todo o ciclo que esta transporta às costas, para a eternidade. E deixo de divagar. Nada mais esta linha é do que o meu pensamento a voar, a trepar paredes, a correr, a ser engolido, a transparecer-se.


Tenho as minhas mãos cheias de tudo o que não posso dar. Cheias de um pensamento que me preenche, mas que tem como linha um ar rarefeito.
Quanto mais te encontro, mais me perco.

2 comentários:

  1. Uma mão cheia de tudo e nada...
    uma mão cheia de uma gota molhada
    perdida na imensidão
    do rio que corre na estrada...
    um desencontro no encontro da jornada!

    Beijo

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  2. Não me canso de ler...
    Tens um talento, aproveita-o ao máximo !
    Beijinhos :)

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