quarta-feira, 9 de novembro de 2011

fala-me barato


Espero das tuas palavras significados que não vêm. Brisas quentes que o vento não traz. Esperei doutrem, um dia, ventos que nada trouxeram.
É outono. As folhas deslizam ao sabor do seu próprio destino. E eu fico, sentada, inérte, na desfolhada. De braços caidos. De folhas caídas.

Por isso procuro alguém que me fale as palavras que eu quero ouvir. Esse alguém que não és tu, que nunca irás ser. Alguém que me aqueça com um abraço falso e expulse este frio. Alguém que me diga o que diz aos sete ventos, o que diz a todas as almas perdidas, mas que é, efectivamente, o que eu preciso de ouvir neste momento.

Fala-me barato. Diz-me coisas que não sentes. Grita-me palavras que assassinas, desprezando-as até no seu mais remoto significado. Banaliza o mundo, banaliza o amor, banaliza! Banaliza tudo em mim, tudo o que sou, todo e qualquer valor que possa ter, toda a capacidade especial que possa ter. Banaliza. Porque o mundo a teus olhos é uma planície bidimensional a preto e branco, sem qualquer paisagem. E eu sei.
Mas esta sede de palavras afoga-me e sufoca-me e mata-te, aos poucos, por dentro.
E é a ti que te quero neste momento. Porque o que valia já não vale...apenas tu, vazia sombra, vales neste momento. E são as tuas palavras vãs que me vão salvar desta apneia.

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