sábado, 2 de junho de 2012




 Fotografia de: Tiago Guerreiro


O dia inicia-me na sua dança, dá-me voltas e baralha-me e eu, como pena solta, soprada sou ao vento daquilo que traz os meus dias. Que me trazes nos meus dias.
Eu gosto de ver civilização...ao longe. Bem longe. Gosto de ser o areal que a reflecte ao final do dia. E por vezes gosto que te sentes aqui comigo. Que grites que sentes aquilo que o meu coração explode em poucos minutos, para tantas palavras. Que grites que aqui, ao longe, a vista é mais bonita, e que o reflexo te embala a adormecer no vazio que é a civilização. Tal traição é a do areal ao mundo, reflectindo o vazio que se tornou o ser Humano. Ser Humano sem ser.
Quando te sentas e  eu te digo que os pássaros que cantam do cimo de um ramo instável, me sussurram palavras que afinal consigo entender, e me olhas com cara de quem vive no centro da sua ignorância, eu sou feliz. Porque esse é o melhor lugar para se viver.
Preciso dessa acústica que me dás, dessa melodia que entra de pantufas porta a dentro, que ouves e gostas sem te aperceberes sequer que vibra o teu coração. Preciso desta melodia e nunca me tinha apercebido, em toda a vida. Dança no meu tímpano e encanta-me, com palavras sussurradas que tornam este solo mais bonito.


No reflexo do que vive, ao longe, por perto fica o sorriso no teu rosto e a certeza de que te cantarei acapela...sem medos.

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