terça-feira, 25 de dezembro de 2012

tu

Vamos lá... o que pensas tu?
Enquanto sussurras e eu grito, enquanto eu escrevo e tu me olhas, enquanto eu fecho os olhos e tu desapareces, enquanto tudo isto ocorre em simultâneo, nós sabemos que a nossa língua-mãe é o silêncio... e melhor que em silêncio não comunicamos nós.
Eu abraço-te, dás-me a mão. Assim caminhamos, em longas e orgulhosas passadas compassadas que estremecem o chão ao embate. Estremece o meu coração e tremem os meus joelhos, fracos e esfolados.
Há sempre paz noutro lugar.
Deixa andar.
Deixa ser.
E afinal, que penso eu?
Parece que o destino nos quebrou.
Se penso que me cultivas, e que por me cultivares eu enraízo em ti. Se eu pensei que era tão bom - o amor dentro de nós era tão bom. No entanto, ao enraizar em ti, compreendo que o silêncio entre nós não é mais que nada. Nada, vazio, cheio, nulo, desprovido, desprovida, eu, tu, sem nós, sem mim, sem ti. Ti.
A nossa língua-mãe não é mais que a ausência de comunicação.
O meu cultivo enraizou-me em alguém que não ficou.
O meu cultivo tornou-me alguém sem ser.

O meu cultivo tornou-me o espelho da pessoa desfasada que TU és, que em pedaços se desmonta e que, em silêncio (TUA língua-mãe), me abandona.

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